Mineradoras devem ser ‘companhias verdes’ para ter sucesso no mercado de capitais

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Mineradoras devem ser ‘companhias verdes’ para ter sucesso no mercado de capitais – crédito: divulgação

Um dia após o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e a Bolsa de Valores de Toronto (TSX) firmarem um acordo histórico de cooperação para impulsionar a indústria de mineração no Brasil, executivos e especialistas discutiram os desafios de aumentar o capital vinculado ao meio ambiente e metas de governança social (ESG). O tópico foi abordado no The Brazilian Exploration Mineral & Mining Industry Projects and Opportunities, um painel coordenado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (BCCC) no PDAC 2020.

Segundo o presidente do Conselho Diretor do IBRAM, Wilson Brumer, as empresas de mineração brasileiras avançaram muito em sustentabilidade e devem seguir romo à expansão continuada no sentido de incorporar questões sociais com maior abrangência. “A sustentabilidade não está mais relacionada apenas a questões ambientais, mas também deve incluir as necessidades das partes interessadas”.

Brumer observou que, embora o Brasil tenha um enorme potencial para o desenvolvimento de programas de pesquisa mineral, o setor de mineração brasileiro também depende do mercado global, onde os padrões internacionais de sustentabilidade são normas rígidas. Ele ressaltou que seguir os padrões ESG, como gerenciar recursos hídricos, reduzir o consumo de energia e promover a diversidade, determinará o sucesso das empresas de mineração na captação de recursos. “Se os comportamentos não mudarem, os projetos deixarão de atrair bancos e investidores, disse”.

Cory McPhee, vice-presidente de Assuntos Corporativos, Comunicação e Sustentabilidade da Vale Base Metals, enfatizou o crescente interesse nas credenciais ESG no mercado de capitais nos últimos dois anos, bem como a importância de um dado adequado de impacto na sustentabilidade no processo de captação de recursos. “Os projetos não podem ter uma análise de lacunas ESG, pois é um valor crítico para os investidores que tomam decisões”.

O vice-presidente de Segurança e Sustentabilidade da Kinross, Ed Opitz, também mencionou o valor da transparência dos dados, no que diz respeito ao financiamento sustentável. “Os projetos de ESG devem mostrar dados em termos de melhoria do bem-estar humano”, disse, acrescentando que a mineração de ouro pode fornecer ao país anfitrião até 80% de criação de valor em termos de emprego, crescimento da economia local e apoio às comunidades locais.

Justine Hendricks, vice-presidente sênior de negócios sustentáveis ​​e capacitação da EDC (Export Development Canada), disse que a agência também valoriza a liderança ao analisar projetos ESG. “Os candidatos devem ser muito ativos para ajudar a aumentar as práticas ESG”.

Rafael Bemke, CEO da Proactiva Results e moderador do painel, concordou com Hendricks e acrescentou que as empresas no Brasil devem assumir um papel de liderança em relação às práticas ESG: “Hoje a agenda verde no Brasil é desencadeada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento).”

Arjun Bhalla, diretor sênior de operações da IFC-Banco Mundial, disse que é crucial que o banco compare empresas com desempenho ambiental e social: “Os investimentos em iniciativas sociais e ambientais não são apenas bons para marketing, mas também apresentam um forte argumento de negócios”.