Ciclo da mineração é discutido em Reunião Itinerante de Itabira

 

Evento discutiu a exaustão da atividade minerária e a criação de um novo ciclo econômico para os municípios mineradores

 

A Reunião Itinerante de Itabira, que aconteceu na última quinta-feira, 27 de junho, foi palco das discussões sobre a exaustão da atividade minerária e a criação de um novo ciclo econômico para os municípios mineradores.

Dando início a reunião, compuseram a mesa de autoridades, o presidente da AMIG e prefeito de Nova Lima, Vitor Penido; Vice- Presidente da AMIG e prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães; Léris Braga, prefeito de Santa Bárbara e diretor administrativo da AMIG; prefeito Antônio Carlos Noronha Bicalho, de São Gonçalo do Rio Abaixo e diretor financeiro da AMIG; o diretor de meio ambiente, José Fernando Aparecido de Oliveira, prefeito de Conceição do Mato Dentro e Dante Matos, presidente da Codemig.

Abertura do evento

Na abertura do evento, o prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães, ressaltou a importância da cidade para a atividade minerária no país. “Itabira foi pioneira na mineração, um exemplo para muitas cidades mineiras e de todo o Brasil, e agora também é precursora na questão da exaustão de uma grande mineradora, de três grandes minas da cidade. Tivemos o período do ouro, do minério de ferro e hoje buscamos um período de tecnologia para que tenhamos, em um futuro próximo, as alternativas econômicas necessárias para que um município não sinta tanto a exaustão da atividade mineral”, disse.

Painel I: Ciclo da Mineração: case Itabira

Na reunião, foram apresentados quatro painéis sobre o assunto visando o questionamento e a discussão do tema entre os presentes. Denis Lott, advogado e consultor da prefeitura de Itabira, apresentou o primeiro painel: “Ciclo da Mineração: case Itabira”. Na exposição, o advogado narrou a história e desenvolvimento da cidade enquanto município minerador, ressaltando a relevância da Vale em todo o processo. “O case Itabira diz respeito a este grande laboratório minerador e vamos observar tudo de melhor e pior que aqui aconteceu e se replicou para outras cidades”, afirma Lott.

Painel II: Preparação para um novo ciclo econômico de Itabira

O Consultor de Relações Institucionais da AMIG, Waldir Salvador, ministrou o painel “Preparação para um novo ciclo econômico de Itabira”, ressaltando a relevância da cidade para todos os municípios mineradores do Brasil e do mundo. Salvador questionou a importância de se começar o processo de diversificação econômica enquanto a atividade mineradora ainda está ativa para que a cidade consiga uma atividade com receita tributária equivalente à mineração. “O que estamos fazendo para enfrentarmos o final de 2028, o fim da mineração? O que ainda dá tempo de fazer? Qual a responsabilidade da AMIG, das prefeituras neste processo? Itabira é a primeira, mas não será a única”, indagou.

A exposição frisou também a importância de ações efetivas por meio do governo do estado, das mineradoras e das instituições estaduais para a diversificação. “Temos que criar, como já propusemos formalmente, um fundo específico de investimento na cidade mineradora, onde nós possamos direcionar o dinheiro dos royalties, que o governo do estado aporte sua dos royalties, onde as mineradoras aportem os fundos para financiar uma atividade que diversifique a economia”, afirma Salvador. “É papel da empresa, junto com o poder público, criar estratégias para garantir formas sustentáveis para que o futuro da comunidade não esteja de fato ameaçado”, complementa.

Painel III: Diversificação econômica para as cidades mineradoras

No painel “Diversificação econômica para as cidades mineradoras” apresentado pelo presidente da Codemig, Dante Matos; Thais Rêgo de Oliveira, gerente de Relações Institucionais Sudeste e Centro Oeste da Vale; e Ronaldo Lott Pires, secretário Municipal de obras, Transporte e Trânsito da Prefeitura de Itabira; foram discutidas as ações que a Prefeitura de Itabira e a Vale estão desenvolvendo para a transformação da cidade em um polo educacional e tecnológico. “Itabira está passando por uma modernização nos cursos de engenharia e ampliando o rol de vocações para reduzir a dependência da cidade à mineração. Nosso desafio é trazer expertise para a cidade”, explicou Thaís. Ronaldo Lott, apresentou os novos projetos arquitetônicos que visam melhorar a infraestrutura da cidade para receber esse investimento em educação e tecnologia. Dante Matos, por sua vez, reiterou a importância do planejamento estratégico e a utilização de recursos para a diversificação econômica.

Painel IV: Passivos Ambientais

Rodrigo Amaral, gerente de Meio Ambiente da Vale e Roberto Júnior Gomes, gerente da Qualidade do Solo e Reabilitação de Áreas Degradadas da fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), esclareceram sobre o tema “Passivos Ambientais”. Gomes mostrou exemplos de um bom planejamento de fechamento de mina como o Parque do Ibirapuera, e ressaltou a importância do ciclo de gestão para este sucesso. “Um fechamento de mina bem feito resulta em um espaço bem aproveitado e sustentável”, afirmou. Já Amaral apresentou os planejamentos para as descaracterizações das barragens e o plano de contenção de rejeitos que consiste em uma barreira.

Carta do município de Itabira

No fechamento do evento, a secretária de Meio Ambiente de Itabira, Priscila Braga Martins da Costa, fez a leitura de uma carta da cidade, reconhecendo sua relevância no desenvolvimento da atividade minerária no país e ressaltando a importância da união entre poder público e privado para a sustentabilidade e o desenvolvimento dos municípios mineradores. “Nesse passo é fundamental a compreensão do conceito da tríplice hélice, ou seja, a união entre poder público, sociedade civil e iniciativa privada que giram o motor da economia, do desenvolvimento e da sustentabilidade. A Prefeitura de Itabira, Universidade Federal e Itajubá (Unifei) e Vale implantam esse modelo. Já é uma realidade”, diz a carta.

Leia na integra a carta à cidade

Minas Gerais e as cidades mineradoras passam por um momento singular. Nascemos mineiros. A mineração está em nosso DNA. Ela é inseparável de nosso corpo e alma.

Nossa formação como estado iniciou com a mineração de ouro, se desdobrando em diamantes, esmeraldas, nióbios e principalmente minério de ferro.

Povoados, vilas e cidades erguidas às margens das minas. Atualmente, várias delas se confundem como a própria mineração sem distinção de espaços.

Toda atividade é risco. Todo ideal é risco.

Hoje, as atividades minerárias passam por uma situação crucial. Busca-se até a reparação por danos existenciais.

Importante que as experiências do passado sejam plenamente assimiladas, visando maior segurança, conforto, transformação social e sustentabilidade.

Itabira é o exemplo mais forte dos impactos da mineração e o maior laboratório do setor mineral no Brasil e no mundo: berço da Vale, maior complexo minerário do estado, com barragens de volumes e estratosféricos de rejeitos, e um horizonte de redução significativa da extração de minério de ferro.

Itabira vivencia uma nova realidade, com trabalho e responsabilidade.

Estudos realizados mostram a principal vocação da cidade: a transformação por meio da educação e da tecnologia.

Nesse passo é fundamental a compreensão do conceito da tripla hélice: poder público, sociedade civil e iniciativa privada giram o motor da economia, do desenvolvimento e da sustentabilidade. Prefeitura de Itabira, Unifei e Vale implantam esse modelo.

Já é uma realidade.

É necessário que o país reconheça o papel fundamental que Itabira exerceu no desenvolvimento quantitativo e qualitativo da mineração no Brasil e que esse reconhecimento, de fato, se transforme em responsabilidade e ações para que a história, contada até aqui, seja de êxito também após o encerramento do ciclo de exploração mineral no município.

Este encontro é o marco do nosso trabalho. Por meio da Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig), nós, municípios mineradores, um de três, fazemos o marco da transformação de nossa realidade, com solução seguras, concretas e uma nova visão de minerar.

A mineração é finita, as cidades não, as pessoas não, a vida não.

Itabira não é finita. Precisa continuar próspera e exemplar.

Este encontro é o marco do nosso trabalho, unidos por meio da Amig para fazer a mineração do futuro e o futuro sem a mineração.