Campanha Dívida da Vale

3ª Fase da Campanha

Municípios Mineradores deflagram campanha contra calote da Vale S/A

“Vale continuar assim, Vale?” Representantes de 28 cidades realizam novas ações de cobrança pública da Vale em Brasília e Minas Gerais com este chamado à maior mineradora do Brasil. 

Brasília - Prefeitos e gestores de diversos municípios que têm exploração mineral em seus territórios deflagram nova fase da campanha de cobrança pública da Vale S/A, nesta terça-feira (22). Liderados pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) as lideranças municipais realizam manifestações em frente a prédios públicos, em Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), apresentam suas demandas aos parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e do Congresso Nacional e mobilizam a sociedade por meio das redes sociais e mídias digitais, rádios e jornais.

Cobrança pública da Vale S/A completa um ano, sem nada acontecer:

Há um ano, no dia 24 de agosto de 2022, a AMIG e os municípios credores iniciaram uma campanha nacional para dar visibilidade pública ao impacto negativo causado aos cofres públicos pela dívida da Vale S/A, em função do não recolhimento devido da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). E, até agora, a Vale não se mexeu.

Os gestores municipais reclamam que a empresa age como se fosse a proprietária dos territórios minerados e segue impune em relação à recusa em pagar a CFEM. Preveem que, infelizmente, a mineradora assim seguirá, enquanto o governo federal não assumir o controle de regulação e fiscalização como deve ser feito, pela Agência Nacional de Mineração (ANM), e enquanto as concessões de explorações minerais não sofrerem mudanças e continuarem sem revisão.

A dívida que a mineradora Vale S/A insiste em não pagar é antiga. De acordo com Waldir Salvador, consultor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Econômico da AMIG, a dívida foi auditada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), na época Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). “É uma dívida que foi apurada de 1996 a 2005, ou seja, daqui a dois anos, ela vai completar 30 anos”, afirma o consultor. “Fomos à Vale inúmeras vezes para dialogar. A justiça derrotou por 13 vezes em primeira instância e uma vez em segunda instância a tese que a Vale defende para não pagar o royalty da mineração. E já perdeu todas as vezes, administrativamente. Inclusive, a dívida foi ratificada em um grupo de trabalho em 2018, formado pelas prefeituras e pela ANM, a pedido da própria Vale”, enfatiza.

O consultor destaca que depois de tantas tratativas com a empresa, a associação e os municípios não podem mais se calar. “Queremos que se cumpra a lei. Ela deve pagar. A AMIG não é adversária da mineradora e muito menos da mineração, só queremos que seja uma atividade íntegra, decente e sustentável para ambas as partes (mineradoras e municípios)”, pontua. 

Dívida de R$ 2,4 bilhões

A dívida reclamada pelos municípios mineradores ultrapassa R$ 2,4 bilhões, e se refere ao não pagamento dos royalties da mineração por parte da Vale S/A, se refere a um período de quase 20 anos de exploração. A mineradora deveria pagar a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) à gestão municipal dos territórios de onde ela extrai os minérios. A CFEM se destina ao implemento de políticas públicas voltadas à população daqueles municípios. As cidades cuja maior arrecadação depende da atividade minerária, reclamam dos impactos da falta dos devidos pagamentos da CFEM para a gestão das necessidades dos seus moradores.

“A Agência Nacional de Mineração e a Justiça já determinaram que a Vale S/A tem que pagar os valores correspondentes a cada município, que somam mais de R$ 2,4 bilhões. Nós já ganhamos essa causa em primeira e segunda instância na Justiça, mas, escandalosamente, a Vale S/A se recusa a pagar e nada acontece com a empresa. Não há qualquer sansão contra a mineradora. Só no primeiro semestre desse ano, a empresa divulgou que já distribuiu mais de R$ 8 bilhões de lucro aos seus sócios. Enquanto isso, os municípios estão sem os recursos da CEFEM e vendo a mineração seguir cada dia mais descontrolada e insegura em nossos territórios”, reclama o presidente da AMIG, José Fernando Aparecido Oliveira.

ANM sucateada favorece os calotes e desmandos na mineração do país

Os gestores municipais também alertam para o sucateamento da Agência Nacional de Mineração (ANM), que tem a missão de regular e fiscalizar o setor, incluindo os pagamentos da CFEM, mas que tem hoje apenas três fiscais para fiscalizar o pagamento da CEFEM no Brasil inteiro. De acordo com o presidente da associação dos municípios, a ANM não tem pessoal, não tem sistema atualizado, não tem estrutura, não tem concurso e não tem orçamento. E o que estava ruim piorou com a entrada dos empregados em greve por tempo indeterminado, há 15 dias.

“Essa situação é insustentável e, se persistir, vai destruir a atividade mineral. A ANM precisa estar no patamar das demais agências reguladoras federais. Afinal, a mineração representa 4% do PIB do Brasil. Desta forma, o país permitirá que ela possa se estruturar, modernizar, executar seu planejamento estratégico e, como consequência, teremos como efeito o crescimento da arrecadação, serão evitados os constantes acidentes que têm acontecido nos últimos anos, diminuir ou, quem sabe até, erradicar a cultura permanente de sonegação na atividade de mineração”, alerta José Fernando.

Apagão na mineração

No dia 14 de agosto, a direção da AMIG participou de uma solenidade no ministério de Minas e Energia e cobrou uma solução imediata para a situação caótica da agência de regulação. De acordo com a direção da associação dos municípios, nada foi resolvido e a mineração do país vive o risco de um apagão. Os gestores municipais alertam para o fato de que, enquanto não se corrigir o verdadeiro estado de inconstitucionalidade que persiste desde a criação da Agência Nacional de Mineração (ANM), os municípios permanecerão padecendo com os descasos e abusos como esse que Vale S/A insiste em perpetuar.

 

A campanha dos municípios mineradores seguirá até o mês de setembro, chamando a atenção das autoridades para esse abuso e desrespeito da Vale S/A. A direção da AMIG afirma que vai continuar com a cobrança pública e também diante dos órgãos reguladores e da Justiça, enquanto a empresa não pagar o que deve aos municípios mineradores.  

 

Municípios Mineradores realizam ação contra calote da Vale S/A, em Belo Horizonte

Dívida da mineradora relacionado à CFEM soma  R$2,4 bilhões; ação será realizada na manhã desta terça-feira (29/08), em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais e na quarta-feira (30/08), no Ministério Público e no Tribunal Regional Federal da 6ª Região; 

 

Belo Horizonte, 28 de agosto - Municípios mineradores brasileiros se uniram para realizar uma ação para cobrar uma dívida bilionária da Vale S/A com 28 cidades brasileiras. O protesto será realizado nesta terça-feira (29/08), às 9h, em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e na quarta-feira (30/08), no Ministério Público e no Tribunal Regional Federal da 6ª Região.   Durante o manifesto, haverá distribuição de panfletos e jornais alertando sobre o calote da mineradora e ação com live men.

A dívida reclamada pelos municípios mineradores ultrapassa R$ 2,4 bilhões, e se refere ao não pagamento dos royalties da mineração por parte da Vale S/A, se refere a um período de quase 20 anos de exploração. A mineradora deveria pagar a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) à gestão municipal dos territórios de onde ela extrai os minérios. O royalty se destina ao implemento de políticas públicas voltadas à população daqueles municípios. As cidades cuja maior arrecadação depende da atividade minerária, reclamam dos impactos da falta dos devidos pagamentos da CFEM para a gestão das necessidades dos seus moradores.

“A Agência Nacional de Mineração e a Justiça já determinaram que a Vale S/A tem que pagar os valores correspondentes a cada município, que somam mais de R$ 2,4 bilhões. Nós já ganhamos essa causa em primeira e segunda instância na Justiça, mas, escandalosamente, a Vale S/A se recusa a pagar e nada acontece com a empresa”, reclama o presidente da AMIG, José Fernando Aparecido Oliveira. Ele ressalta que não  há qualquer sanção contra a mineradora. “Só no primeiro semestre deste ano, a empresa divulgou que já distribuiu mais de R$ 8 bilhões de lucro aos seus sócios. Enquanto isso, os municípios estão sem os recursos da CFEM e vendo a mineração seguir cada dia mais descontrolada e insegura em nossos territórios”, alerta. 






1ª e 2ª Fase da Campanha












MUNICÍPIOS BRASILEIROS SE UNIRAM EM OURO PRETO PARA LANÇAR A CAMPANHA DE COBRANÇA DA DÍVIDA BILIONÁRIA DA VALE

A Praça Tiradentes, na cidade mineira de Ouro Preto, foi palco do lançamento de uma campanha nacional para cobrar uma dívida bilionária da Vale S/A com 28 cidades brasileiras. A iniciativa, coordenada pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG), foi motivada pelo impacto negativo causado aos cofres públicos em função do não recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) referente à pelotização do minério de ferro, uma das fases de beneficiamento do mineral. A AMIG apresentou a campanha em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (23 de agosto), durante o Encontro Nacional de Municípios Mineradores. 

Entre os credores, estão municípios de Minas Gerais, Pará e Amapá. Somente essa dívida –que não é a única– já atingiu a cifra de R$ 2,2 bilhões, o que impede que a atividade minerária cumpra um papel sustentável e responsável. O documento, intitulado "Carta de Ouro Preto", foi assinado por prefeitos dessas cidades e será entregue pela AMIG ao Congresso Nacional e aos candidatos das eleições de 2022.

Ouro Preto foi escolhida para dar o pontapé inicial às manifestações por ser o berço da história de Minas Gerais. "Aqui foi o lugar onde surgiram as primeiras explorações de minério. Além disso, a dívida da Vale com o município ultrapassa os R$ 400 milhões", destaca José Fernando Aparecido de Oliveira, presidente da AMIG.

"Queremos que a sociedade saiba o quanto está perdendo com uma exploração injusta", afirma José Fernando, que também é prefeito de Conceição do Mato Dentro. "Não somos contra a mineração, mas não a queremos do jeito que está. Exigimos o pagamento das dívidas, porque precisamos ter cidades sustentáveis, equilibradas, que possam oferecer segurança, trabalho, saúde e bem-estar aos cidadãos", completa.

A CFEM corresponde à participação direta que União, estados e municípios têm direito por conceder à empresa o principal insumo para que desenvolva seu negócio: o recurso mineral. Ou seja, é o pagamento que a mineradora efetua por retirar o minério dos territórios desses municípios. De acordo com dados do Ministério das Minas e Energia, a atividade mineradora é responsável por cerca de 4% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB). Essa performance econômica pode ser comprovada também por sucessivos recordes de arrecadação da contribuição. Em 2021, as empresas mineradoras faturaram aproximadamente R$ 339 bilhões de reais, o que gerou uma arrecadação de R$ 10,3 bilhões para os cofres públicos, à título de CFEM segundo o Boletim Mineral de 2021 da AMIG.

A melhora na arrecadação da CFEM é fruto de um trabalho iniciado, há vários anos, pela AMIG junto ao Poder Legislativo. Como parte desses esforços, a entidade lutou pela aprovação da Lei nº 13.540 de 19 de dezembro de 2017, que alterou as alíquotas da CFEM e trouxe uma regulação mais moderna para o setor. "Não há como entender a recusa da Vale em pagar uma dívida que foi apurada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2006, e comprovada por um Grupo de Trabalho (GT) instituído em 2018, com representantes da AMIG, ANM e da própria Vale", avalia Waldir Salvador, consultor de relações institucionais e econômicas da associação.

De acordo com a AMIG, a Justiça já reconheceu o que a legislação deixou claro (que há incidência da CFEM em pelotização) em 13 decisões em primeira instância e uma em segunda instância. "Ou seja, o pagamento é devido, mas, mesmo assim, a Vale protela, se esquiva e se aproveita da morosidade da Justiça brasileira", ressalta Waldir Salvador.

O não pagamento do montante de mais de R$ 2,2 bilhões para as cidades representa menos recursos públicos para investimentos em educação, cultura, saúde e infraestrutura. "É dinheiro para investir em infraestrutura para torná-las competitivas para outros negócios, porque um dia todas serão ex-cidades mineradoras", enfatiza Waldir Salvador.

A campanha seguirá nos próximos meses com ações pontuais. "É hora de agir de outras maneiras. E devemos agir juntos! Por isso, decidimos por uma campanha pública de cobrança da Vale. Uma campanha que engloba os municípios e pede o apoio da sociedade, revelando o impacto que o não pagamento desta dívida traz para a gestão de políticas públicas em cada município", afirma.


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MUNICÍPIOS CREDORES DA VALE

VALE SE NEGA A PAGAR R$ 2,3 BILHÕES A MUNICÍPIOS MINERADORES, MAS REPASSA R$ 16,2 Bi EM DIVIDENDOS

Enquanto a Vale faz anúncios de lucros exorbitantes que enchem seus cofres, os municípios mineradores travam uma verdadeira batalha na tentativa de receber da empresa uma dívida que já perdura há mais de 20 anos. A empresa distribuiu, em 1º de setembro, R$ 16,2 bilhões em dividendos, conforme anúncio da própria Vale. Por outro lado, continua se negando a repassar os R$2,3 bilhões em royalties devidos às 28 cidades brasileiras.

No dia 24 de agosto, a AMIG e os municípios credores iniciaram uma campanha nacional para dar visibilidade pública ao impacto negativo causado aos cofres públicos pela dívida da Vale, em função do não recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), referente à pelotização do minério de ferro, uma das fases de beneficiamento do mineral.

De acordo com Waldir Salvador, consultor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Econômico da AMIG, a dívida foi auditada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), na época Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). “É uma dívida que foi apurada de 1996 a 2005, ou seja, daqui a três anos, ela vai completar 30 anos”, afirma Waldir Salvador. “Fomos à Vale inúmeras vezes para dialogar. A justiça derrotou por 13 vezes em primeira instância e uma vez em segunda instância a tese que a Vale defende para não pagar o royalty. E já perdeu todas as vezes administrativamente. Inclusive, a dívida foi ratificada em um grupo de trabalho em 2018, formado pelas prefeituras e pela ANM a pedido da própria Vale”, enfatiza.

O consultor destaca que depois de tantas tratativas com a empresa, a associação e os municípios não têm mais o que aguardar. “Queremos que se cumpra a lei. Ela deve pagar. A AMIG não faz essa cobrança pública feliz. Essas mazelas só dão subsídios para quem é inimigo da atividade mineradora. E a AMIG não é adversária da mineradora e muito menos da mineração, Só queremos que seja uma atividade íntegra, decente e sustentável para ambas as partes (mineradoras e municípios)”, pontua. 

Os R$ 16 bilhões que foram repassados aos acionistas da Vale é o terceiro repasse de lucros da empresa em pouco mais de um ano. Waldir Salvador pontua ainda os desempenhos anteriores da empresa, que em 2021, lucrou R$ 120 bilhões. “Se a Vale tem resultados espetaculares, por que não pode cumprir a legislação?”, questiona Salvador.

Segundo o consultor da AMIG, há uma enorme contradição da Vale com a legislação brasileira. “Quando a mineradora precisa de um alvará para lavra ou pesquisa, ou quando necessita dar crédito à segurança de suas barragens, ela usa e abusa da boa influência e competência da Agência Nacional de Mineração”, alerta. Segundo Salvador, é comum ver anúncios da empresa que diz “minha barragem tem esse grau de segurança conforme atestado pela ANM, o grande órgão fiscalizador do setor.  Mas na hora de pagar o royalty, ela inverte o jogo. Ela desacredita a agência e não concorda com a cobrança feita pelo órgão. Até quando teremos que ver essa relação que a mineradora tem com o setor de ‘dois pesos e duas medidas’? Até quando teremos que engolir essas decisões tomadas por conveniência, por parte da Vale? Não dá para continuar assim”, enfatiza Salvador. 

Minério-dependência 

Os recursos captados pela CFEM poderiam ser utilizados pelos municípios para investir, por exemplo, na educação, saúde, políticas públicas e diversas outras ações para melhorar a qualidade de vida nos distritos mineradores.

Além disso, a falta de investimento nos municípios e a sonegação das empresas acentuam a minério-dependência nas cidades. “Quanto menos você aplica em educação, menos mão de obra você tem para oferecer para novos negócios, infraestrutura e a cidade fica menos competitiva para atrair novos investimentos”, finaliza.


 

 

AÇÕES JÁ REALIZADAS


REPERCUSSÃO NA MÍDIA




Reportagem no Super 2ª Edição no dia 02/09/22
(Entrevista começa a partir do 16:29min)



Entrevista da AMIG no programa Opinião Minas da TV Rede Minas no dia 20/10/22